sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CALCINHA DE NÁILON

Nos anos sessenta, as festinhas eram praticamente diárias, variando as casas, e sempre com muita interação e harmonia. Era meu tempo de mocinha, na cidadezinha pacata, no interior de São Paulo. Cada um levava uma coisinha pra beliscar, pra beber. Não era disseminada a cultura do refri, como nos dias de hoje. Nem de bebidas como vinho e cerveja. Em meses frios, era permitido o quentão, bem fraquinho. Geralmente, essas festas começavam às vinte e acabavam às vinte e duas horas. Dançava-se o tuiste e o roquenrol.. Sem intromissão dos pais que, claro, ficavam de olho. Uma das minhas bebidas prediletas era a calcinha de náilon. Escrevíamos com y, porque era chique. Esta receita foi contribuição da D. Mireta, uma querida professora que trabalhava comigo na biblioteca do Centrão, em Taguatinga, nos anos oitenta. A minha receita era mais simples. Preferi a dela que acrescenta groselha. Pra matar a saudade, ouvindo a Cely Campelo cantar Lacinhos cor-de-rosa, saboreei a calcinha de náilon feita assim, no liquidificador, tudo junto, batido rapidinho, só pra incorporar: o leite condensado de uma latinha, a mesma medida de pinga, a mesma medida (duas vezes) de guaraná e a mesma medida de groselha. Sem esquecer as pedrinhas de gelo! Ô gostosura! Tomara que meu fígado não reclame! O que faz bem ao coração não devia maltratar o fígado!