segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CONSERVA DE GENGIBRE: JEITO UM E JEITO DOIS


A conserva, tanto feita do JEITO UM quanto do JEITO DOIS (a seguir), serve pra fazer sunomono, ou pra comer acompanhando carnes variadas... 

JEITO UM  
Sob encomenda, na época certa (dezembro e janeiro, principalmente), pode ser que consiga ter em casa o gengibre recém-colhido.
Dei sorte! O meu foi encomendado e trazido da Ceasa.
Cortei a rama, lavei, raspei a casca e resultaram dezoito peças. Piquei-os bem fininhos. O melhor jeito é com faca. Tem também a opção de usar o fatiador manual. Bem novinho e afiado, as fatias ficam na textura certa.
Sobre o gengibre fatiado (que coloquei dentro de uma vasilha de plástico da boca grande), espalhei e misturei duas colheres (sopa) de sal. Sobre essa mistura, pus um prato e sobre o prato e o gengibre ajeitei um peso (optei por uma garrafa de refrigerante de dois litros, cheia) e deixei de um dia para o outro; para curtir. Criou muito líquido; escorri um pouco, depois dispus sobre uma peneira e deixei escorrer ainda por mais uma hora.
Assim que escorreu bem, vi que rendeu três pratos (raso) cheios de gengibre fatiado. Então, fiz a mistura suficiente para curtir o gengibre: escolhi um vidro grande onde pus um litro e meio de vinagre de álcool, duas colheres (sopa) de aji-no-moto e meio quilo de açúcar (a mistura de vinagre fica bem docinha mesmo). Mexi bem, para derreter o açúcar. 
Coloquei o gengibre fatiado (bem escorrido) dentro do vidro, nessa mistura. 
Pronto! Agora, é só deixar curtir, fora da geladeira, por uns dois dias. 
Depois de aberto, costumo guardar na geladeira, por dois motivos. O primeiro deles é que, se o vidro ficar exposto, acontece uma magia indesejável e o conteúdo desaparece em pequeno espaço de tempo (minha suspeita é que bruxos esfomeados que rondam cozinhas roubam o conteúdo e só deixam a calda). O segundo motivo é a agradável sensação-susto da conserva geladinha fazendo a diferença no paladar.

JEITO DOIS 
Como já citei, o ideal é achar o gengibre clarinho e tenro.

De um dia de colhido para o outro dia, a diferença já se faz notar.
Cortei a rama, lavei-os, raspei a casca, piquei-os bem fininhos, em tirinhas, e reservei (rendeu o equivalente a um prato raso, cheio).
Numa panela, coloquei uma xícara (chá) de açúcar cristal, para "queimar", balançando a própria panela, para ficar dourado (não preto e com gosto de queimado) e, sobre esse açúcar, fui pondo, às colheradas, o gengibre fatiado.
É opcional, mas gosto de incrementar o gosto com abacaxi fatiado (duas fatias, sem o caroço): cria mais líquido e dá mais gosto à calda. Também adicionei duas colheres (sopa) de vinagre de álcool. Aos poucos, acrescentei três copos (americano) de açúcar. E mexi, de vez em quando, para não grudar.
Durante o tempo que esteve no fogo, precisei acrescentar o equivalente a meio copo (americano) de água à mistura. A calda foi ficando mais grossa e o gengibre vidrou.
Aí, é hora de retirar do fogo, deixar esfriar e acondicionar em vidro com tampa. Guardo na geladeira. Se começar a açucarar, é só despejar em panela com um pouquinho de água e deixar ferver o tempo equivalente ao necessário para a água que foi acrescida evaporar.
A nossa mesa de refeições é o lugar onde comungamos nossas alegrias. As melhores lembranças da minha família, mesmo se não têm como cenário a cozinha, só aconteceram porque nossa união tem como ponto de apoio o nosso desvelo e cuidado com nossa saciedade e alegria à mesa!
Estão convidados?   


SUNOMONO

Certa vez, meu sobrinho Vítor, vendo-me preparar salada de pepino, disse que preferia pepino a carne! Ele ainda nem tinha cinco anos! Concordei com ele! Arroz e uma salada de pepino temperado com sal e limão é manjar de deuses! Aprendi a comer pepino depois de sofrer muita crise de indigestão. Ensinaram-me que não se deve acrescentar óleo ou azeite de oliva à salada, pois é isso que causa desconforto. Nunca mais tive indigestão por tê-lo saboreado. Aí, teve um dia que meu filho Demian e minha nora Fabiana me apresentaram o sunomono, num restaurante japonês. Enquanto não aprendi a fazer o prato, não mais curti refeição alguma... Difícil um almoço sem o prato, desde então! Descobri que precisa ter o gengibre em conserva (a receita vem a seguir). Isso eu já tinha aprendido com minha prima Lurdinha Gerin. Sempre tenho a conserva. Fica em vidro, pronta para uso, na geladeira. O toque especial é o gergelim. Tentando acertar a receita, do mesmo jeitinho que servem no restaurante, apanhei, no início, mas nunca joguei sunomono fora, por não ter agradado. Até que desenvolvi minha receita, depois de pedir consultoria à minha amiga Vera Suguri, expert em comida com sabor. No verdurão, a bandejinha vem com três pepinos (do tipo que chamam japonês) e eu faço duas delas de cada vez. No sábado, fatiei os seis pepinos, com casca, depois de lavados e de ter raspado a casca com faquinha de mesa. O fatiador é uma ajuda importante (principalmente para mim que não tenho nem uma faca afiada!), porque as rodelas saem bem fininhas. Agi do mesmo modo com uma cenoura pequena, novinha e macia e juntei as rodelas ao pepino, acrescentando uma colher (sopa) de sal. Massageei-as, com as pontas dos dedos, para que o sal entranhasse, por igual. Depois de dez minutinhos, escorri o líquido, espremi as rodelas com a mão e temperei com seis colheres de açúcar, meia xícara (chá) de vinagre de álcool (também tem a opção de substituir o vinagre por saquê), uma colher (sopa) de conserva de gengibre e uma colher (café) de aji-no-moto. Mexi, experimentei (carreguei no açúcar porque prefiro assim, mas já comi o sunomono com pouquíssimo açúcar e também gostei). Na vasilha de servir, despejei as rodelas temperadas e, por cima, espalhei uma colher (sopa) de gergelim preto torrado. Ficou supimpa! No restaurante japonês, o prato também vem com kani (duas tiras) desfiado, colocado por cima da cenoura e do pepino, antes do gergelim. Pepino é prato eleito pelo meu egoísmo, prato que preparo para me agradar!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CARNE LOUCA


Não era louca a carne que eu fazia ... era só destrambelhada... Louca, desvairada, é a atual! Eu costumava cozinhar lagarto recheado com calabresa inteira e, por fora, inseria pedaços de bacon e cenoura. Sobrava, eu fazia carne louca (acrescentava tomate pelado e cebola) refogada pra comer com pão, pois o lagarto é uma carne que desfia com facilidade. Agora, não espero sobras... E faço a carne louca pra servir na hora do almoço. No primeiro domingo de setembro, fiz o prato com músculo bovino (serve qualquer carne de segunda). Comprei um quilo e meio e temperei com uma colher e meia (sopa) do meu tempero. Reservei por meia hora. Aí, em panela de pressão, refoguei a carne em quatro colheres (sopa) de óleo com duas cebolas em rodelas, que deixei queimar de propósito. Aprendi, com minha comadre Guigue, a queimar a cebola e, só então, refogar a carne. É importantíssimo também só colocar água fervente (quantidade que quase cobre a carne) para que, no final, o caldo não resulte ralo e a carne fique bem corada e convidativa. Assim que ficou cozida, deixei-a ainda no fogo mais uns dez minutos, sem a pressão, para secar bem o caldo, e retirei-a para um prato, sem o óleo, para que esfriasse. Numa outra panela, com meio litro de água já fervente, coloquei um quilo de linguiça de frango e, quando chegou, novamente, ao ponto de fervura, acrescentei meio copo (americano) de óleo de soja (assim a linguiça cozinha e frita e fica menos indigesta, na minha opinião, pois o óleo que resta no final da fervura/fritura é a mais que o utilizado). Retirei a linguiça da panela e, quando esfriou, piquei-a, em rodelas, reservando-as. Em uma panela grande, coloquei duas colheres (sopa) de óleo e fritei duzentos gramas de bacon (em tirinhas). Assim que percebi que o bacon estava fritinho, acrescentei meio quilo de calabresa picada e duas cebolas, em rodelas. Deixei fritar mais um pouquinho e escorri o óleo. Aí, acrescentei quatro tomates picados, uma colher (sopa) de orégano e duas colheres (sopa) de açúcar. Mexia, de vez em quando, enquanto fatiava a carne em pedaços pequenos e fininhos (gosto mais assim, em vez de desfiar a carne). Depois que terminei, joguei a carne picada na panela onde a esperavam os ingredientes que coziam no líquido que brotou dos tomates. Também acrescentei as rodelas de linguiça, duas colheres (sopa) de extrato de tomates e um copo de azeitonas pretas, em rodelas (sem o líquido da conserva). Experimentei o tempero e achei perfeito. Mais umas mexidinhas e o prato ficou pronto pra surtar de vez, quem dele se servir...   

domingo, 1 de julho de 2012

A LASANHA DO DOMINGO NA CASA DA VÓ

Teve uma primeira vez e foi inesquecível. De lá pra cá, a receita mudou muitas vezes. Na primeira vez, teve massa que a minha mãe fez e deixou descansar a tarde inteira de um sábado de sol; depois abriu-a, utilizando um cilindro; estendeu as tiras resultantes, no varal, sobre panos de prato (por baixo e por cima), feito roupa lavada, e só ficaram prontas para utilizar no almoço de domingo. Pôs, então, as tiras da massa de lasanha em água fervente, para amolecer, retirou cada parte e pôs pra escorrer em uma peneira e montou a lasanha, utilizando carne moída preparada com molho de tomate e queijo e presunto em fatias... Várias camadas, numa pirex de vidro. Levou ao forno, depois serviu. Comemos, repetimos e passamos a tarde em estado de graça. A primeira lasanha, a gente nunca esquece! 
Aí veio um tempo prático, de massa pronta, tal e qual o espaguete embalado. Para incrementar, acrescentei ensinamentos da Helena Sangirardi, no seu livro Nova Alegria de Cozinhar e passei a espalhar, entre uma camada e outra, além do molho de tomate e carne moída e presunto e queijo, o molho branco, a receita da página 249.
O Émerson e a Yanne passaram a fazer lasanha também e teve um dia quando tiveram a ideia de colocar calabresa pra dar mais sabor ao molho, além de inventar o toque quatro queijos, copiado da pizza. Gostei da calabresa, mas não adotei a variação de sabores dos queijos.
enjoei do molho branco. Em seu lugar, passei a usar requeijão cremoso, e cheguei a esta receita que chamo A lasanha do domingo na casa da vó... Aí vai.
Comecei pelo molho. Numa panela grande, pus o equivalente a trezentos gramas de carne moída (feita conforme receita postada anteriormente); duas xícaras de calabresa (picada em cubos); o conteúdo de duas latas (340g cada) de extrato de tomate Elefante; meia colher (sopa) de açúcar e uma colher (sopa) do meu tempero. Acrescentei um litro de água, já fervendo, e deixei cozinhando. Numa vasilha de louça, coloquei água quente e dispus cada parte da massa de lasanha (são retangulares), pois facilita muito colocar uma a uma, tendo o cuidado de formar cruz, para que não grudem umas às outras. Um pacotinho de massa pré-cozida de lasanha da Petybom vem com quinze ou dezesseis partes. Ficaram de molho por cinco minutos. Sempre alerta, mexendo o molho de vez em quando, acrescentando água quando necessário, passei para a ordenação dos ingredientes a serem usados. Primeiramente, untei, com margarina, a pirex quadrada de vidro e reservei-a. Assim que o molho ficou no ponto (bem mais grosso que ralo), desliguei o fogo e reservei. Esperei esfriar um pouco, antes de despejar o conteúdo do copo de requeijão cremoso no molho. Mexi, levemente. Tudo pronto, veio a parte mais fácil: montar a lasanha! Utilizei meio quilo de queijo prato fatiado, meio quilo de presunto fatiado e todo o molho. Neste pacotinho de massa, vieram só quinze partes. A primeira camada foi feita com quatro partes da massa, o presunto, o queijo e molho suficiente para cobrir a camada; a segunda camada foi feita do mesmo jeito; a terceira camada levou só três partes da massa, o presunto, o queijo, o molho; e a quarta camada, com o resto da massa, o resto do presunto, o resto do queijo e o resto do molho. Levei ao forno quente e esperei que derretesse o queijo. Não gosto de lasanha que fica muito tempo no forno. Afinal, todos os ingredientes estão prontos.
Já tive a fase de fazer dois pacotinhos de cada vez, quando os quatro filhos eram adolescentes. Mas passei a fazer um só, para ficar o gostinho de quero mais e engordar menos a turminha. Afinal, no almoço de domingo, tem sempre dois tipos de carne, arroz, feijão, muita mistura e saladas. À proporção que os netos crescem, vou retomar de onde parei, volto aos dois pacotinhos...
Sabedora que sou, assim como todos os mortais pensantes, que estamos de passagem, tenho a pretensão de ser lembrada pelos sabores que degustamos, meus amores e eu, nos momentos de alegria que eternizamos quando o coração e o estômago se dão as mãos e registram, no cérebro, o prazer da felicidade saciada. Haja domingo! Haja lasanha! 

SABÃO LÍQUIDO

Ganhei esta receita da minha comadre e amiga, a Maria Aparecida Botelho, a quem os amigos e familiares chamam, carinhosamente, pelo apelido de Guigue. Primeiro, ganhei uma embalagem com dois litros de sabão líquido (a Guigue é dada a esses carinhos que fazem a diferença) feito por ela. Depois, ganhei a receita. Fazer produtos caseiros, que facilitam a limpeza da casa, é boa opção para quem tem áreas externas grandes. Todo cuidado, porém, se tiver criança por perto: o melhor é não fazer! E só vale a pena, se for utilizar o óleo descarte, saturado, de fritura. Primeiramente, pus três litros de água pra ferver. Num balde plástico grande (daquele maior, usado para colocar lixo), despejei o conteúdo de uma embalagem de soda cáustica Sol (tem de usar esta específica marca, por ser a melhor) e, quando a água ferveu, despejei, com cuidado, sobre a soda. Quando a fumaça que se soltou do contato entre os dois produtos, esvaiu, pude aproximar-me e, então, mexi bastante, utilizando um cabo de vassoura. Aí, acrescentei, aos poucos, mexendo bastante, nos intervalos, seis litros de óleo (de descarte) e quatro litros de álcool (comprado em posto de combustível). Tem que mexer muuuuuuiiiito! No dia seguinte, água quente, de novo. Não precisa mais ser fervente, basta esquentá-la. Mais três litros. E tem de mexer bastante. Mais um dia de descanso, mais água. Agora, pode ser fria. Completei com água, até encher o balde. E ficou pronto para o uso. Se quiser, acondicione em embalagens descartáveis e guarde: não tem prazo de validade. Se gostar, acrescente essência artificial que se compra em casa de material de limpeza. O mais usado é o de eucalipto. Não gosto. Prefiro o cheiro natural, pois tem lembrança de infância. No meu tempo, o sabão usado em casa era feito em tacho, com soda e sebo, sobre um fogo de lenha, no quintal. E era sólido. E ficava bonito de ver, quando ficava pronto, branquinho, cortado em pedaços grandes... Pareciam barras de doce... Bem chamativas...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

CUECA VIRADA


Com a chegada do inverno, chega o tempo do chazinho, dos bolos, das rosquinhas e biscoitos. Enquanto bebo um chazinho básico (cravo, canela e erva-doce, em proporções iguais), escrevo a receita de hoje: cueca virada. O nome é bem esdrúxulo! Acho que teve uma vez que alguém criativo inventou a receita e achou que a bolachinha resultante ficou parecida com uma cueca... Ou melhor, com uma cueca virada. Muito estranho. Mas, quem sou eu pra questionar? É uma delícia! Minha mãe é craque em fazer cueca virada. Faz de baciada e nossa turminha devora... Demorei pra pedir que ela me ensinasse, porque não é este o tipo de receita que me atrai fazer. É que não tenho paciência quando se trata de abrir massa e cortar e dar formato que exige colocar a mão em cada um e depois fritar um por um... Acho estressante. Sou apressada e gosto de facilidade. Teve um dia que experimentei fazer meia receita. Quando a massa ficou pronta, abri com o rolo, numa superfície com farinha, cortei em quadradinhos, fiz um corte transversal em cada quadradinho, no meio, puxei uma das pontas por dentro do corte e fritei. Ficaram com um formato bem bonitinho e convidativo. Só não sei se esse formato ficou condizente com o nome. Logo foram devorados, atingindo o objetivo de agradar. Claro que agradou, foi receita dada pela minha mãe, uma senhora quitandeira! Só teve um problema: fiquei com a certeza que NUNCA MAIS! Até que veio a ideia de usar a maquininha de fazer macarrão. Usei-a para abrir e cortar a massa. Deu certo e ficou muito fácil! Em uma bacia, coloquei cinco xícaras (chá) de farinha de trigo; quatro colheres (sopa, cheia) de açúcar refinado; uma xícara (café) de leite morno; meia colher (café) de baunilha; dois ovos; uma colher (sopa) de margarina; três colheres (sopa) de óleo e meia colher (sopa) de pó-royal. Isso resultou numa massa que passou fácil pelo cilindro. Antes, dividi-a em cinco pedaços. Abertos, cortei-os em retângulos pequenos que passei pela parte da máquina que faz macarrão espaguete, com o regulador fixo no número 7. Aí, foi só fritar. À proporção que fritava, retirava os rabinhos de lagartixa (assim foram nomeados pela minha faxineira), colocava-os sobre papel-toalha e polvilhava açúcar e canela em pó, (meia xícara (chá) de açúcar refinado, com uma colher (sopa) de canela em pó) que misturei com antecedência. Também teria dado certo cortar em tirinhas, com a carretilha de cortar pastel. Mas assim, do jeito que ficou, foi totalmente aprovado. Ficou crocante, saboroso, cheiroso, apropriado pra ser devorado, um por um, com bastante paciência... Na companhia dos netos, claro...


quarta-feira, 6 de junho de 2012

BOLINHO DE ARROZ

Atendendo a pedido, acabou de sair... Tá servido(a)?
Fácil de fazer, bolinho de arroz é grande pedida, e tem gosto de infância! Sobrou arroz? Então tem bolinho feito no liquidificador... Bati três ovos, meia cebola média picada e uma pitadinha de sal. Acrescentei três xícaras (chá) de arroz cozido. Bati, inicialmente, e passei para o pulsar. Ligava o pulsar, desligava, mexia com colher... Repeti a operação quatro vezes, aí percebi que os ingredientes estavam incorporados. Adicionei uma xícara (chá) de queijo tipo Minas, ralado, e mexi mais um pouco. Experimentei pra saber se seria necessário acrescentar sal. Não precisou. Óleo na panela, fogo ligado, parti pra fritura. À proporção que enrolava os bolinhos, colocava-os no óleo. Depois de fritar, um lado de cada vez, retirei-os e pus sobre guardanapos de papel, para secar o excesso de óleo. Rendeu vinte e três bolinhos, desfalcados, de cara, pela Juju que devorou dois, antes do almoço. Existem algumas outras opções para dar mais sabor aos bolinhos: acrescentar cebolinha picada (antes de enrolar na mão e pôr pra fritar); passar no ovo batido e na farinha de rosca, antes de pôr pra fritar... Acho saboroso do jeito mais simples.

terça-feira, 5 de junho de 2012

BOLINHO DE MANDIOCA

                     
Mandioca me remete ao primeiro livro de história, na época da minha alfabetização. O livro trazia a lenda desta raiz poderosa. O tema era a cultura indígena. Lembro-me que tinha uma coisa com palavras: mani, maniva, manioca... Fico repetindo, mentalmente, estas palavras, sempre que lido com mandioca. Depois, descobri que a avó materna da minha mãe era uma indígena, que se chamava Percília. Sinto constrangimento por saber pouco sobre ela. Não conheci nem uma avó. Convivi, de perto, com duas bisavós, duas Nonas: a Henriqueta e a Rosa. E, certa vez, uma vezinha só, vi essa bisavó indígena, que morava em Guaíra, interior de São Paulo. Lembro-me de termos quase a mesma altura. Eu devia ter uns oito anos. É nela que penso quando invento de fazer alguma coisa com mandioca... Ontem, eu a servi cozida na água e sal (uma pitadinha de açafrão e todo mundo acha que é da amarela) e, hoje, com as sobras, vou fazer bolinho. Em homenagem à avó Percília, que era caladinha, muito tímida, e não olhava as pessoas nos olhos...
No liquidificador, pus o equivalente a meio quilo de mandioca cozida (mais da metade do copo) e escorrida. Acrescentei três ovos. Mexi com colher de pau, aí liguei o pulsar, desliguei, mexi, tornei a ligar... e repeti o procedimento mais quatro vezes. Acrescentei uma xícara (chá) de queijo tipo Minas, ralado, e voltei a mexer. A massa ficou meio mole. Posso optar: ou frito bolinhos assim às colheradas; ou acrescento farinha de trigo, que melhora a liga, dando o ponto de enrolar os bolinhos, com as mãos... Aí, então, frito-os... Optei pela segunda maneira. Adicionei farinha de trigo, devagar, à proporção que mexia e percebia se o ponto estava bom. Foram necessárias duas colheres (sopa, rasa) de farinha de trigo. Ficou fácil enrolar e fritar... Assim enrolados à mão, ficam mais convidativos, incitando o paladar... Gosto com molho agridoce. Agora, assim satisfeita, só falta descobrir que tenho antepassado chinês...

domingo, 4 de março de 2012

ANTEPASTO DE BERINJELA

Guardada na geladeira, já durou mês, esta delícia que aprendi a fazer com uma das minhas melhores amigas, a Vera Suguri, fiel companheira de jornada, a quem devoto muita admiração. Muitos são os motivos que fazem esta amizade ser eterna. Por causa dela, e das suas qualidades, sou mais exigente com a maneira como gasto meu tempo. Ninguém a supera em dedicação em relação a tudo que faz. Foi em uma festa de aniversário dela, quando também inaugurou sua nova casa, uma mansão, que serviu este antepasto. Passou a receita por telefone. Nunca se negou a dividir as suas receitas. Ensina com gosto. Entendi que, por ser descendente de oriental, assimilou com tanta facilidade tudo que produz, na cozinha, que sente prazer em compartilhar. Quase chego perto... Mais uns quarenta e dois anos de convivência e, talvez, possa considerar-me discípula dela. Vamos lá... Cortei, depois de retirar a parte do talo, em tirinhas fininhas, três berinjelas (o equivalente a meio quilo). Utilizei duas colheres (de sopa, cheia) e meio copo (americano) de vinagre, para temperar, antes de levar à geladeira, em vasilha de vidro, com tampa. Deixei descansar de um dia para o outro. Aí, escorri o líquido e despejei a berinjela fatiada em uma peneira, que dispus sobre a mesma vasilha de vidro e levei para a geladeira, para continuar o processo de retirada do líquido. Mais um dia de paciência. Só então, preparei-me para fazer o refogado. Cortei, em tirinhas fininhas, três tomates verdes (retirei as sementes); duas cebolas grandes; cem gramas de azeitonas; um pimentão verde, um amarelo e um vermelho (sem as sementes); duas pimentas vermelhas (dedo-de-moça, sem as sementes) e refoguei em uma panela com um copo (americano) de azeite extra-virgem (acho importante esperar até que o azeite fique bem quente, antes de despejar os ingredientes, ou cria água e não fica ao dente), mexendo, de vez em quando, conforme percebia que quase grudava no fundo da panela. Assim que o refogado ficou quase sem líquido, dando pra perceber o azeite, no fundo da panela, acrescentei uma xícara (café) de açúcar, duas colheres de orégano e a berinjela (que retirei da geladeira assim que comecei a cortar os ingredientes, para ficar na temperatura ambiente, apropriada a um refogado). Mexi e experimentei. Acrescentei um pouquinho de sal, pois gosto mais salgadinho. Quando percebi que ficou pronto, desliguei o fogo, despejei o antepasto em vidros (deixei pra colocar a tampa depois de frio, quando, então, levo à geladeira)... E fiz a festa com a panela, onde deixei uma certa quantidade pra saborear com um pão francês. Adoro! É neste momento que revisito minhas memórias direcionadas para um tempo passado, de felicidade, aprendizagem e pertencimento, tendo minha amiga Vera como protagonista e personagem importante da minha história. Amiga amada, mesmo à distância, é solidária em tempos de atenção e alerta máximos, e é um coração bastante acolhedor. Desde 1970, quando nos encontramos em uma sala de aula, cursando Letras na UnB.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

OMELETE DA MANHÃ

Com esta chuvarada, só mesmo um pensamento positivo, de sustância, concreto, para me fazer sair da cama. O de hoje foi perfeito: comer uma deliciosa omelete (minha Nona dizia omeleta). Num prato fundo, quebrei três ovos, mexi levemente, com um garfo, acrescentei uma pitada de sal e meia xícara (chá) de leite. No fogo, pus a frigideira antiaderente, um fiozinho de óleo e mexi muito pouco; o suficiente para não queimar e ficar uma massa fofa. Cuidei para não passar do ponto de comer com pão, aos pedaços, levando os dois, casadinhos, à boca (assim com a mão, na roça, pode... desde que não estique o dedo mindinho pra parecer que é fina!)... Dedão do pé quebrado, estripulias adiadas (por enquanto) nada como um livro e um cobertor para que o sofá seja só aconchego...
Sítio Rosa Mística, 12 de janeiro de 2012

ARROZ COM CHARQUE

Sou fissurada em arroz! Dia desses, recebi um e-mail com um link pra mil maneiras de fazer arroz. Consegui excluir, antes de abrir. E fui à lixeira e mandei pro espaço, antes que o arrependimento batesse... Se mergulho num link desses, nunca mais faço arroz branco! Essa mania de achar que posso incorporar outras coisinhas ao arroz vem da infância, com certeza. Do ‘cozinhadinho’ que fazia na minha panelinha de alumínio batido... Era a glória! Tudo tinha que caber nela. Minha mãe provia os ingredientes e ficava de olho. Geralmente, era arroz, um bife que eu picava em pedaços pequenos, cenoura, chuchu, batatinha, sal e óleo. O fogo era de gravetos e a panelinha ficava sobre tijolos. Que delícia! Guardo na memória, até hoje, o sabor da fumaça no arroz e a alegria de comer algo feito por mim, para mim... Não sei mais fazer arroz com gosto de fumaça... Mas, aprendi a fazer um arroz com charque, que fica uma delícia. Comprei um pacotinho de charque, daqueles do mercado, piquei a carne em pedaços miúdos, pus na água que troquei cinco vezes, escorri a água e despejei na panela de pressão onde, antes, refoguei uma cebola batidinha em duas colheres (sopa) de óleo. Fechei a panela, depois de acrescentar dois copos (americano) de água quente e deixei cozinhar por dez minutos. Acrescentei dez tomates maduros picados, uma cebola batidinha e uma colher (sobremesa) de açúcar e deixei cozinhando até o tomate amolecer, sem desmanchar. Experimentei o sal. Estava meio salgado. Então fiz o arroz (duas medidas, copo americano) quase sem tempero. Acrescentei a carne ao arroz quando estava quase pronto, mexendo levemente. Por cima, joguei cebolinha picada e queijo parmesão ralado. Parece o arroz de carreteiro. Mas o diferente é o tomate... A primeira vez que comi arroz feito assim, foi na casa da minha amiga Vera Suguri, uma mocinha arretada, uma faz-tudo, que é uma cozinheira sem igual. Este arroz, mais uma saladinha de alface (temperada com limão, sal e azeite) e omelete de jiló nada ficam a dever ao prazer de um almoço de categoria. Principalmente, se for feito na primeira semana de janeiro, depois de tantos excessos (assados e gratinados e sobremesas e frutas).

FRITADA DE MILHO VERDE

No meu tempo de criança, as férias de janeiro eram mais deliciosas por causa do milho verde e das mágicas que minha mãe fazia com ele. Hoje, para nossa alegria, tem milho verde pra todo lado, durante o ano inteiro, graças à irrigação nas plantações. É janeiro e me deu vontade de comer fritada com milho verde! Enquanto cortava o milho de seis espigas, só lembranças boas tomaram conta do meu pensamento e aqueceram meu coração. Tive o cuidado de reservar o equivalente a um terço desse milho cortado, antes de levar os grãos restantes ao liquidificador, juntando meia xícara (chá) de farinha de trigo, meia cebola cortada em rodelas finas, dois ovos, quatro colheres (sopa) de queijo Minas ralado, uma colher (sopa) de açúcar, meia colher (sopa) do meu tempero e uma colher (café, rasa) de pó-royal. Liguei o liquidificador e não deixei bater muito, porque costuma dar gosto amargo à massa. Despejei essa mistura numa travessa, acrescentei o milho cortado que havia reservado e mexi com uma colher. Experimentei a massa para saber se punha mais sal. Esse resultado depende muito do sal do queijo. Coloquei mais, pois achei que mais um punhadinho de sal daria mais sabor. Normalmente, minha pressão é baixa. Daí essa tendência a carregar no sal. Em dias de sol e calor, refreio essa vontade. Pra quem gosta de cheiro-verde, a hora de misturá-lo à massa, cortadinho fininho, é esta, antes de fritar. Fritei, às colheradas, em frigideira antiaderente, com pouco óleo, mas bem quente, pra não encharcar a massa. Deixava fritar de um lado e virava do outro. E já fui servindo nos pratos dos apreciadores, porque assim, quentinho, na hora, é muito mais saboroso. Frituras não deviam fazer mal! Acho injusto que tudo que é maravilhoso, na cozinha, é frito e faz mal! Detesto injustiça! Mas, viva a saúde! Portanto, só se deve comer fritada de milho, de vez em quando...

AMEIXA DE QUEIJO


Consta, na Bíblia, o livro dos livros, que fazer mágica é pecado. Isso quem falou foi minha atual faxineira. Será?! Então estou em pecado. Quando as pessoas entram na cozinha e resolvem misturar ingredientes e o resultado é mágica, incorre-se em pecado? Isso independe de cor de pele, etnia, ou dialeto? Pois tem hora que um arroz branco com um ovo frito se torna digno de aplausos... É mágica pura! Pois é como mágica que apresento este delicioso doce, a ameixa de queijo. Não é a receita tradicional, pois não tive acesso a ela. Esta eu fui desenvolvendo aos poucos, na base da tentativa e erro e, mesmo quando errava, nada sobrava. Ficou muito parecida com a ameixa de queijo, aquela que, quando se compra, é muito doce, mas muito gostosa. Esta que vou fazer é menos doce e, por ter mais queijo que qualquer outro ingrediente, fica mais saudável (ou menos nociva rsrs). Numa panela grande, coloquei um litro de água e quatro xícaras (chá) de açúcar e pus no fogo, pra virar uma calda meio rala. Enquanto isso, medi os outros ingredientes e coloquei-os em uma bacia: seis xícaras (chá) de queijo Minas ralado, meia cura; duas claras de ovo (grande); um ovo (grande) inteiro; três colheres (chá) de maisena e duas gotas de extrato de baunilha. Amassei, amassei, amassei...No início, parece que está seco demais. Mas, ao incorporar os ingredientes, percebe-se o ponto de enrolar cada ameixa, compridinha e uniformemente lisa. Depois de enrolar todas, percebi que a calda já fervia há uns quinze minutos, então coloquei-as, uma a uma, nessa calda fervente. Ficaram no fogo por quarenta minutos. Não mexi, pois poderiam quebrar-se. Essa é a importância da panela ser grande; assim a calda cobre cada uma das ameixas e, à proporção que ela vai secando, é possível virar cada uma, para que todas fiquem com cor igual, dos dois lados. Quando pareceu que a calda ia queimar, desliguei o fogo e, com uma espumadeira, retirei uma por vez e coloquei pra escorrer em uma peneira larga. Deixei-as esfriar e secar. Renderam cinquenta e uma milagrosas delícias que não foram devoradas num passe de mágica, porque cuidei e distribuí, parcimoniosamente...