segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

QUIBE CROCANTE


Mais uma receita herdada, com toques de magia e muita experiência de uma cozinheira que sabia prender cativo qualquer um que se deixasse seduzir pelo seu tempero e suas dicas culinárias: minha mãe.

Na verdade, nossa mãe. Da Carminha e minha. Foi a minha irmã Carminha quem se especializou em fazer quibe igual ao que a dona Jandira fazia.

Quando se casou e meu pai montou um bar, em 1949, lá no interior de São Paulo, na cidadezinha de Ipuã, minha mãe bombava fazendo quibes que ficaram tão famosos que, até hoje, temos notícia de gente nostálgica salivando com a lembrança gustativa marcante...

- Cada quibe era uma refeição completa, pois tinha, como recheio, um ovo inteiro, cozido.

Pois fiz a encomenda/intimação pra minha irmã e, dia primeiro deste ano da graça de 2021, no almoço, pudemos matar a saudade, pois a tia Carminha se empenhou e pudemos saborear a iguaria sendo frita à proporção que atacávamos.

De acordo com a herdeira da receita e do jeito de fazer, ela pôs meio quilo de trigo em uma vasilha, acrescentou água até cobrir e deixou de molho por 20 min.

 Enquanto isso cuidou de cozinhar a carne do recheio: meio quilo de músculo moído (com 150 gr de bacon) que ela refogou em uma colher (sopa) de óleo de soja.

Enquanto a carne fritava, minha irmã colocou o tempero: caldo e pedacinhos de pimenta em conserva, com pitadas de pimenta do reino e um pouco de tempero baiano (lembrando que o bacon é salgado).

Ela experimentou, gostou, resolveu que estava bom e deixou cozinhar até secar todo caldo que criou no cozimento.

Então, desligou a panela e reservou para esfriar.

Já havia passado o tempo do molho do trigo, então, a Carminha retirou o excesso de água que ainda não tinha sido incorporada ao trigo, apertando pequenas porções, com a mão.

Juntou 250 gr de músculo moído a esse trigo e começou a amassar bem. Enquanto isso acrescentava tempero. Lembrou de avisar que cebola tá fora, se não for comer tudo no mesmo dia, pois azeda a massa e muda o gosto.

Temperou com sal, pimenta do reino, pimenta dedo de moça, tempero baiano e páprica doce.

E sovou bem por 40 min!!!!

À proporção que sovava, a massa começava a ressecar, então, ela pingava água filtrada, que havia reservado em um copo, perto de onde buscava dar liga, sovando e sovando muito mesmo, a massa. Usou pouco menos da metade da água contida no copo.

Próximos passos: dar o formato do quibe, acrescentar o recheio e fritar.


Trecho de um texto que escrevi em homenagem ao aniversário da minha mãe, dia 08 de dezembro de 2020:

“Se minha mãe estivesse entre nós, o tempo dela, hoje, seria de 94 anos.

Ela se empenhou e cumpriu aguerrida sua tarefa por quase 90. De forma destemida e comprometida para que o legado se mantenha valioso e valorizado.”

Enquanto estivermos por aqui, minha irmã e eu seguiremos promovendo rituais de agradecimento porque a tivemos.  



DICA N° 14

 Passados os feriados de final de ano, e as cansativas e gratificantes peripécias às voltas com forno e fogão, fica aí a dica valiosa para se alcançar crocância na pele assada de suínos: PINGA!

Pois é!

Tão fácil!

Nos anos anteriores, era um tal de esquentar óleo a mais não poder e despejar, bem encostadinho na pele da leitoa já assada, e a tal crocância acabava insatisfatória e frustrante...

Pois decidi radicalizar!

Temperei meia leitoa com antecedência de duas horas, tendo o cuidado de acrescentar uma xícara (chá) de pinga ao tempero; envolvi a carne em papel alumínio forrado com papel pardo (aquele do saquinho de pão) besuntado de óleo (DICA N° 13) e pus pra assar em forno a 250 graus.

Ficou supimpa!

De lambuzar os dedos e o queixo!

Pena que não me lembrei de tirar foto!

Mas corrigi a falha: ontem assei um pedaço de barriga de porco, a tal pancetta, do mesmo jeito e fotografei.

Fica aí a prova da crocância!