Pecar é
arte que se pratica só. Hoje foi um dia de seguir a regra à risca: fiz e saboreei um saboroso e inacreditável doce de jaca dura. Que, depois de
pronto, fica guardado a sete chaves para alegria e deleite da doceira.
Uma fruta só,
de tão grande, rendeu três pratos fundos de bagos. Isso, depois de retiradas as
sementes.
Que lindo
exemplar a natureza me presenteou no dia de hoje; uma maravilha! Adoro jaca e
sou apaixonada pelo verde das folhas e imponência das árvores carregadas com os
frutos enormes pendurados em seus galhos.
Enquanto
preparava os bagos da jaca, cortando-os em pedaços menores, pus um litro de
água em uma panela sobre a chama do fogão e acrescentei um prato (fundo) de
açúcar. Porque avaliei, de antemão, que teria dois pratos de fruta. Errei. Deu
três. Para cada dois de massa, um prato de açúcar cristal (ainda terei de
acrescentar mais meio).
Enquanto
fervia (deixei quarenta minutos), acrescentei uma xícara de caldo de limão
galego. Virou uma calda consistente. Só então despejei, na calda, fogo ainda
aceso, a fruta resultante dos arranjos trabalhosos da retirada das sementes e
películas, mais o meio prato de açúcar que faltou no meu cálculo inicial.
Mexer é proibido. Só incorporei, levemente, a
calda à fruta, preocupada com o açúcar tardio que acrescentei. Levei a panela
para meu fogão de chama forte. Porque a ideia é que a fruta fique firme,
agradável ao mastigar, mas sem desmanchar-se em fibras. Se o fogo for fraco,
cria muito líquido e adeus consistência. Mais quinze minutinhos no fogo e ficou
pronto o doce maravilhoso de jaca.
Aqui em
casa, só eu gosto e posso comê-lo. Daí à prática da gula é um pulo. A não ser
que apareça visita que saiba apreciar a iguaria para que possamos, juntas,
valorizar o doce sabor da amizade. E livrando-me do mal, Amém!