Na
minha infância, quando o inverno castigava, meu pai nos brindava com xícaras
fumegantes de leite com açúcar queimado e canela.
Meu
pai era um moço distinto, de poucas palavras, e muito sério. Vê-lo às voltas
com o fogão de lenha, fervendo leite, queimando açúcar, na nossa casa, à noite,
era impactante. Como esquecer?
No
Bar, Sorveteria e Padaria Santana, era comum vê-lo às voltas com o fogão. Em casa, ele
chegava por volta de dez da noite, para dormir. Mas, em tempo de frio intenso,
ele fechava seu comércio mais cedo e nós nos deliciávamos com a bebida deliciosa,
que passo a contar como fazer:
No
fogão, sobre a chama acesa, pus minha leiteira antiaderente com quatro colheres
(sopa) de açúcar. Quando o açúcar começou a derreter, segurei no pegador da
panela e balancei-a, de maneira circular, pra uniformizar o processo.
Assim
que derreteu e começou a queimar, acrescentei uma colher (sopa, bem rasa) de
canela em pó, balancei a leiteira, novamente, e pus meio copo de água quente.
Vi que ferveu até derreter bem as pelotas que se formaram no contato da calda
com a água. Acrescentei meio litro de leite quente e tornei a esperar que
fervesse.
Alguma
dúvida que fica uma delícia?
Meu
pai dava um toque especial, ao servir: em cada xícara, colocava uma
colher (sopa) de conhaque, e mexia. Enquanto escrevo, sinto os cheiros e engulo
a saliva que a lembrança provoca...
Assim
que eu degustava aquela delícia, sentia subir - do coração afagado direto pro
rosto -, um calor bom, que deixava rosadas as minhas bochechas... Em seguida,
meu corpo obedecia ao chamado da cama macia, puxando-me na sua direção...
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