Pra se ter essa delícia vai ser preciso mais de um dia...
A bem da verdade, fica pronto em duas
ou três horas, depois dos pedaços imersos na água com cal (ou com bicarbonato),
mas a problemática é que tem de ficar de um dia para o outro, na calda.
Vamos lá?
É doce tradicional, herdado desde o tempo das
pentavós...
Pausa para questionamento: como será
que alguém, lá no passado dinossáurico, descobriu que pedaços de fruta imersos
na água com cal resultavam em doce de mordidas adoráveis na parte externa meio
durinha e a surpresa deliciosa da polpa da fruta molhadinha, dulcíssima,
resguardada lá dentro? Ponho minhas duas mãos na calda fervente, dentro do
tacho de doces, se alguém conseguir provar que não surgiu da mente de alguma
matrona gulosa que tinha tempo pra ouvir a voz de Deus!!!!!
Comprei dois mamões. Verdes, mas, com
a casca mostrando umas poucas marquinhas de amarelo, indicando que, por dentro,
a cor que eu procuro me aguarda. Isso aqui é dispensável, pois pode ser verde
total... É que minha expertise é fazer com o mamão tipo formosa pensando em
amadurecer... Pois a cor brilhante do doce pronto é uma alegria para os olhos e
combina, maravilhosamente, com o sabor.
Cortei cada mamão em quatro partes,
no comprimento; descasquei; tirei as sementes e raspei (com uma colher) a
rebarba que fica grudada entre o mamão e as sementes; cortei em pedaços (cada
parte em cinco para que me veja premiada com quarenta pedaços) pus na água
limpa; despejei, repeti o processo mais duas vezes; acrescentei água limpa - até
cobrir os pedaços - e três colheres (sopa, rasa) de cal. Deixei descansar por
duas horas (de vez em quando, mexia com as mãos, pois o pó branco fica
teimando, sem querer dissolver). Terminadas essas duas horas de interação com a
cal, lavei bem os pedaços de mamão em água corrente e reservei.
Quando escorri a água da segunda vez,
além da água fervente, acrescentei uma pitadinha de sal e açúcar. Inicialmente,
cinco xícaras (chá) de açúcar. Deixei ferver por vinte minutos. De vez em
quando, mexia: os que estavam por baixo também têm o direito de ficar por
cima...
Experimentei o açúcar da calda e
acrescentei mais duas xícaras. Ferveu por dez minutos, desliguei o fogo, cobri
a panela com um pano (sem tampa, ou pode murchar!!!!) e despedi-me. Amanhã,
estaremos de volta...
No dia seguinte, enquanto fazia o almoço,
liguei a panela e observei a calda quase secar de todo. Preparei uma peneira
sobre uma bacia e espalhei os pedaços. Ali, além de escorrer o restinho de
calda, o doce esfria e acontece a transformação linda de ver. A foto continua a
descrição, misturando beleza e brilho.
Quanto ao sabor, deixa comigo...
Tá servid@?
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