sábado, 28 de novembro de 2020

DOCE DE MAMÃO CRISTALIZADO

 

Pra se ter essa delícia vai ser preciso mais de um dia...

A bem da verdade, fica pronto em duas ou três horas, depois dos pedaços imersos na água com cal (ou com bicarbonato), mas a problemática é que tem de ficar de um dia para o outro, na calda.

Vamos lá?

É doce tradicional, herdado desde o tempo das pentavós...

Pausa para questionamento: como será que alguém, lá no passado dinossáurico, descobriu que pedaços de fruta imersos na água com cal resultavam em doce de mordidas adoráveis na parte externa meio durinha e a surpresa deliciosa da polpa da fruta molhadinha, dulcíssima, resguardada lá dentro? Ponho minhas duas mãos na calda fervente, dentro do tacho de doces, se alguém conseguir provar que não surgiu da mente de alguma matrona gulosa que tinha tempo pra ouvir a voz de Deus!!!!!

Comprei dois mamões. Verdes, mas, com a casca mostrando umas poucas marquinhas de amarelo, indicando que, por dentro, a cor que eu procuro me aguarda. Isso aqui é dispensável, pois pode ser verde total... É que minha expertise é fazer com o mamão tipo formosa pensando em amadurecer... Pois a cor brilhante do doce pronto é uma alegria para os olhos e combina, maravilhosamente, com o sabor.

Cortei cada mamão em quatro partes, no comprimento; descasquei; tirei as sementes e raspei (com uma colher) a rebarba que fica grudada entre o mamão e as sementes; cortei em pedaços (cada parte em cinco para que me veja premiada com quarenta pedaços) pus na água limpa; despejei, repeti o processo mais duas vezes; acrescentei água limpa - até cobrir os pedaços - e três colheres (sopa, rasa) de cal. Deixei descansar por duas horas (de vez em quando, mexia com as mãos, pois o pó branco fica teimando, sem querer dissolver). Terminadas essas duas horas de interação com a cal, lavei bem os pedaços de mamão em água corrente e reservei.



Numa panela grande (não faço no tacho, não, porque vai ficar de um dia para o outro e aprendi, desde pequeninha, que o doce não pode esfriar no tacho, ou cria zinabre e dá piripiri), coloquei litro e meio de água pra ferver e joguei os pedaços da fruta. Dez minutos depois, na outra chama, a mesma quantidade de água, em outra panela. Porque tem de ocorrer um procedimento conjugado: vou levar a panela dos quarenta pedaços à pia e despejar a primeira quantidade de água e, em seguida, acrescentar a água que está na chama ao lado, já fervendo, pra voltar a panela pro fogo...  Torno a colocar outra água pra ir esquentando (esta próxima, no processo, vai ser a calda). Ou seja, por duas vezes, pus os pedaços pra ferventar e tive a certeza que o leite da fruta verde (um tanto quanto verde) foi descartado.   

Quando escorri a água da segunda vez, além da água fervente, acrescentei uma pitadinha de sal e açúcar. Inicialmente, cinco xícaras (chá) de açúcar. Deixei ferver por vinte minutos. De vez em quando, mexia: os que estavam por baixo também têm o direito de ficar por cima...

Experimentei o açúcar da calda e acrescentei mais duas xícaras. Ferveu por dez minutos, desliguei o fogo, cobri a panela com um pano (sem tampa, ou pode murchar!!!!) e despedi-me. Amanhã, estaremos de volta...

No dia seguinte, enquanto fazia o almoço, liguei a panela e observei a calda quase secar de todo. Preparei uma peneira sobre uma bacia e espalhei os pedaços. Ali, além de escorrer o restinho de calda, o doce esfria e acontece a transformação linda de ver. A foto continua a descrição, misturando beleza e brilho.

Quanto ao sabor, deixa comigo...

Tá servid@?



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