segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CONSERVA DE GENGIBRE: JEITO UM E JEITO DOIS


A conserva, tanto feita do JEITO UM quanto do JEITO DOIS (a seguir), serve pra fazer sunomono, ou pra comer acompanhando carnes variadas... 

JEITO UM  
Sob encomenda, na época certa (dezembro e janeiro, principalmente), pode ser que consiga ter em casa o gengibre recém-colhido.
Dei sorte! O meu foi encomendado e trazido da Ceasa.
Cortei a rama, lavei, raspei a casca e resultaram dezoito peças. Piquei-os bem fininhos. O melhor jeito é com faca. Tem também a opção de usar o fatiador manual. Bem novinho e afiado, as fatias ficam na textura certa.
Sobre o gengibre fatiado (que coloquei dentro de uma vasilha de plástico da boca grande), espalhei e misturei duas colheres (sopa) de sal. Sobre essa mistura, pus um prato e sobre o prato e o gengibre ajeitei um peso (optei por uma garrafa de refrigerante de dois litros, cheia) e deixei de um dia para o outro; para curtir. Criou muito líquido; escorri um pouco, depois dispus sobre uma peneira e deixei escorrer ainda por mais uma hora.
Assim que escorreu bem, vi que rendeu três pratos (raso) cheios de gengibre fatiado. Então, fiz a mistura suficiente para curtir o gengibre: escolhi um vidro grande onde pus um litro e meio de vinagre de álcool, duas colheres (sopa) de aji-no-moto e meio quilo de açúcar (a mistura de vinagre fica bem docinha mesmo). Mexi bem, para derreter o açúcar. 
Coloquei o gengibre fatiado (bem escorrido) dentro do vidro, nessa mistura. 
Pronto! Agora, é só deixar curtir, fora da geladeira, por uns dois dias. 
Depois de aberto, costumo guardar na geladeira, por dois motivos. O primeiro deles é que, se o vidro ficar exposto, acontece uma magia indesejável e o conteúdo desaparece em pequeno espaço de tempo (minha suspeita é que bruxos esfomeados que rondam cozinhas roubam o conteúdo e só deixam a calda). O segundo motivo é a agradável sensação-susto da conserva geladinha fazendo a diferença no paladar.

JEITO DOIS 
Como já citei, o ideal é achar o gengibre clarinho e tenro.

De um dia de colhido para o outro dia, a diferença já se faz notar.
Cortei a rama, lavei-os, raspei a casca, piquei-os bem fininhos, em tirinhas, e reservei (rendeu o equivalente a um prato raso, cheio).
Numa panela, coloquei uma xícara (chá) de açúcar cristal, para "queimar", balançando a própria panela, para ficar dourado (não preto e com gosto de queimado) e, sobre esse açúcar, fui pondo, às colheradas, o gengibre fatiado.
É opcional, mas gosto de incrementar o gosto com abacaxi fatiado (duas fatias, sem o caroço): cria mais líquido e dá mais gosto à calda. Também adicionei duas colheres (sopa) de vinagre de álcool. Aos poucos, acrescentei três copos (americano) de açúcar. E mexi, de vez em quando, para não grudar.
Durante o tempo que esteve no fogo, precisei acrescentar o equivalente a meio copo (americano) de água à mistura. A calda foi ficando mais grossa e o gengibre vidrou.
Aí, é hora de retirar do fogo, deixar esfriar e acondicionar em vidro com tampa. Guardo na geladeira. Se começar a açucarar, é só despejar em panela com um pouquinho de água e deixar ferver o tempo equivalente ao necessário para a água que foi acrescida evaporar.
A nossa mesa de refeições é o lugar onde comungamos nossas alegrias. As melhores lembranças da minha família, mesmo se não têm como cenário a cozinha, só aconteceram porque nossa união tem como ponto de apoio o nosso desvelo e cuidado com nossa saciedade e alegria à mesa!
Estão convidados?   


SUNOMONO

Certa vez, meu sobrinho Vítor, vendo-me preparar salada de pepino, disse que preferia pepino a carne! Ele ainda nem tinha cinco anos! Concordei com ele! Arroz e uma salada de pepino temperado com sal e limão é manjar de deuses! Aprendi a comer pepino depois de sofrer muita crise de indigestão. Ensinaram-me que não se deve acrescentar óleo ou azeite de oliva à salada, pois é isso que causa desconforto. Nunca mais tive indigestão por tê-lo saboreado. Aí, teve um dia que meu filho Demian e minha nora Fabiana me apresentaram o sunomono, num restaurante japonês. Enquanto não aprendi a fazer o prato, não mais curti refeição alguma... Difícil um almoço sem o prato, desde então! Descobri que precisa ter o gengibre em conserva (a receita vem a seguir). Isso eu já tinha aprendido com minha prima Lurdinha Gerin. Sempre tenho a conserva. Fica em vidro, pronta para uso, na geladeira. O toque especial é o gergelim. Tentando acertar a receita, do mesmo jeitinho que servem no restaurante, apanhei, no início, mas nunca joguei sunomono fora, por não ter agradado. Até que desenvolvi minha receita, depois de pedir consultoria à minha amiga Vera Suguri, expert em comida com sabor. No verdurão, a bandejinha vem com três pepinos (do tipo que chamam japonês) e eu faço duas delas de cada vez. No sábado, fatiei os seis pepinos, com casca, depois de lavados e de ter raspado a casca com faquinha de mesa. O fatiador é uma ajuda importante (principalmente para mim que não tenho nem uma faca afiada!), porque as rodelas saem bem fininhas. Agi do mesmo modo com uma cenoura pequena, novinha e macia e juntei as rodelas ao pepino, acrescentando uma colher (sopa) de sal. Massageei-as, com as pontas dos dedos, para que o sal entranhasse, por igual. Depois de dez minutinhos, escorri o líquido, espremi as rodelas com a mão e temperei com seis colheres de açúcar, meia xícara (chá) de vinagre de álcool (também tem a opção de substituir o vinagre por saquê), uma colher (sopa) de conserva de gengibre e uma colher (café) de aji-no-moto. Mexi, experimentei (carreguei no açúcar porque prefiro assim, mas já comi o sunomono com pouquíssimo açúcar e também gostei). Na vasilha de servir, despejei as rodelas temperadas e, por cima, espalhei uma colher (sopa) de gergelim preto torrado. Ficou supimpa! No restaurante japonês, o prato também vem com kani (duas tiras) desfiado, colocado por cima da cenoura e do pepino, antes do gergelim. Pepino é prato eleito pelo meu egoísmo, prato que preparo para me agradar!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CARNE LOUCA


Não era louca a carne que eu fazia ... era só destrambelhada... Louca, desvairada, é a atual! Eu costumava cozinhar lagarto recheado com calabresa inteira e, por fora, inseria pedaços de bacon e cenoura. Sobrava, eu fazia carne louca (acrescentava tomate pelado e cebola) refogada pra comer com pão, pois o lagarto é uma carne que desfia com facilidade. Agora, não espero sobras... E faço a carne louca pra servir na hora do almoço. No primeiro domingo de setembro, fiz o prato com músculo bovino (serve qualquer carne de segunda). Comprei um quilo e meio e temperei com uma colher e meia (sopa) do meu tempero. Reservei por meia hora. Aí, em panela de pressão, refoguei a carne em quatro colheres (sopa) de óleo com duas cebolas em rodelas, que deixei queimar de propósito. Aprendi, com minha comadre Guigue, a queimar a cebola e, só então, refogar a carne. É importantíssimo também só colocar água fervente (quantidade que quase cobre a carne) para que, no final, o caldo não resulte ralo e a carne fique bem corada e convidativa. Assim que ficou cozida, deixei-a ainda no fogo mais uns dez minutos, sem a pressão, para secar bem o caldo, e retirei-a para um prato, sem o óleo, para que esfriasse. Numa outra panela, com meio litro de água já fervente, coloquei um quilo de linguiça de frango e, quando chegou, novamente, ao ponto de fervura, acrescentei meio copo (americano) de óleo de soja (assim a linguiça cozinha e frita e fica menos indigesta, na minha opinião, pois o óleo que resta no final da fervura/fritura é a mais que o utilizado). Retirei a linguiça da panela e, quando esfriou, piquei-a, em rodelas, reservando-as. Em uma panela grande, coloquei duas colheres (sopa) de óleo e fritei duzentos gramas de bacon (em tirinhas). Assim que percebi que o bacon estava fritinho, acrescentei meio quilo de calabresa picada e duas cebolas, em rodelas. Deixei fritar mais um pouquinho e escorri o óleo. Aí, acrescentei quatro tomates picados, uma colher (sopa) de orégano e duas colheres (sopa) de açúcar. Mexia, de vez em quando, enquanto fatiava a carne em pedaços pequenos e fininhos (gosto mais assim, em vez de desfiar a carne). Depois que terminei, joguei a carne picada na panela onde a esperavam os ingredientes que coziam no líquido que brotou dos tomates. Também acrescentei as rodelas de linguiça, duas colheres (sopa) de extrato de tomates e um copo de azeitonas pretas, em rodelas (sem o líquido da conserva). Experimentei o tempero e achei perfeito. Mais umas mexidinhas e o prato ficou pronto pra surtar de vez, quem dele se servir...