Esta receita vem dos tempos ativos, de quando eu era uma
profissional da educação movida a relógio. Eu chegava, na correria, de volta a
casa, depois de me desdobrar no turno matutino, no Centro de Ensino 05 de Taguatinga, e, enquanto cuidava de terminar
o almoço, que já deixava bem encaminhado, arrumava lancheiras, vistoriava
uniformes, banhos e preparava a surpresa para o recreio dos professores, à tarde. Um mimo que tínhamos o costume de
providenciar, com o maior carinho. Não era tarefa só minha: costumávamos fazer
rodízio...
Este bolo era a minha receita preferida, pela praticidade.
Deu saudade! Por onde andam os apreciadores? O Ruberval, a
Regina, a Maria Virgolino, a Maria Pereira, a Helena Miziara, a Pastôra, a
Catarina, a Iraci, a Yoshie e tantos mais companheirinhos que ajudavam a
aguentar a rotina pesada, onde foram parar?
Esta é mais uma das muitas receitas que herdei da minha mãe.
Feita no liquidificador. A praticidade não depõe contra o sabor: fica uma
delícia!
Pus, no liquidificador, seis ovos inteiros e quinze colheres
(sopa) de açúcar. Deixei batendo por três minutos. Desliguei, para acrescentar
uma colher (café) de baunilha e meio litro de leite. Tornei a ligar, retirei a
tampa e adicionei uma colher (sopa, rasa) de margarina. Fui pondo, devagar,
duas xícaras de queijo minas (não precisa ralar; basta cortar em pedaços
pequenos) meia cura, mais seis colheres (sopa) de farinha de trigo. Para não judiar
do liquidificador, dividi o leite. A receita pede um litro. Usei, até aqui, só
meio litro. Misturei o restante do leite ao conteúdo do copo, com o
liquidificador desligado. Mexi um pouco, com uma colher, antes de despejar a
massa em forma untada, com margarina, e polvilhada, com farinha de trigo. Levei
para assar em forno previamente aquecido a 200 graus. Demora, em média, meia
hora para ficar pronto.
Simples assim!
Não fica com a consistência de um bolo; parece mais um pudim
consistente. Principalmente, se utilizar queijo mais fresco. Se quiser, pode-se
acrescentar uma colher (sopa) de pó-royal, para dar mais firmeza, na hora de
cortar. Prefiro sem. Acho mais saudável.
Fiquei mais de vinte e quatro anos sem fazer esta receita.
Era a predileta da amiga Maria de Fátima Nogueira. Nós nos conhecemos
no Centro de Ensino 05 de Taguatinga, onde trabalhamos como professoras. Ela
chegou à escola locomovendo-se com o uso de uma bengala. Logo, precisou de
cadeira de rodas. Depois, ficou confinada a uma cama. Os médicos a
diagnosticaram como paciente de esclerose múltipla. Era um tempo de poucas
informações da medicina, para tratar casos assim. Quando sumia da escola, de
licença médica, eu costumava preparar esta receita e levava a guloseima até sua
casa. Fiz isso várias vezes. Não o fiz o tanto de vezes que deveria... Ela
costumava mandar recados, intimando-me a visitá-la, quando eu demorava a
aparecer. Eu tinha muitas desculpas, morando em chácara, tendo quatro filhos,
vivendo sem empregada doméstica, quase que na maior parte do tempo... Na
verdade, evitava ir, pois sofria vendo-a perder a capacidade, devagar e sempre,
de falar, de rir, de comer...
Hoje, em homenagem a essa amiga querida e ao tempo que nos é
dado viver neste plano, compartilho, com alegria, esta receita.
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