quarta-feira, 23 de março de 2011

PUTISSA

Fiz uma panelada de doce de banana! Que delícia! Deixei o doce esfriando, e comecei a fazer a massa da putissa. A receita foi passada pra minha mãe que a legou pra mim. Meu irmão mais velho já me disse: Sua putissa nem chega aos pés da que a minha mãe faz! Gostei da crítica. Minha mãe bem sabidinha foi consultada e fui à luta pra aprimorar minha aprendizagem! Então, aí vai a receita melhorada...
Esquentei, no micro-ondas, um e meio copo (americano) de leite (400 ml) e despejei no liquidificador. Acrescentei quatro ovos inteiros; duas colheres (sopa) de margarina; meia xícara (chá) de gordura de porco; duas gotas de baunilha; uma xícara (chá) de açúcar refinado e deixei bater por uns três minutos. 
Juntei, numa vasilha à parte, duas colheres (sopa) de pó-royal a meio quilo de farinha de trigo. Misturei, então, o líquido do liquidificador à farinha na vasilha. Mexi e fui acrescentando mais duas xícaras de farinha.
Mexi bastante, com as mãos, prazerosamente, sentindo-me afagada pelas lembranças que me levaram à cozinha da minha tia Pina, em Ipuã, minha cidade natal, lá no interior de São Paulo. Num tempo feliz que não volta mais, nos anos 60.
À proporção que amassava, fui sentindo que a massa ficava mais macia, muito agradável de lidar, e prometia ficar tão saborosa quanto a que a minha tia fazia, quanto a que a minha mãe faz. 
O ponto é meio mole. 
Dividi a massa em nove pedaços, para abrir na pedra enfarinhada. Depois, abri cada pedaço (do tamanho de uma folha de papel A-20) e espalhei três colheres de doce na superfície, enrolando, em seguida. 
Enrolei, no sentido do comprimento, não da largura, pra não dar muitas camadas e arriscar a ficar mal assado, no meio. Enrolei como rocambole (tendo o cuidado de não fechar as bordas, pra não rachar o rocambole, pois o doce muito quente, quando no forno, tende a vazar). Dispus os rocamboles nas formas que, anteriormente, revesti com papel alumínio (já contei que tenho mania de usar papel alumínio, em vez de untar forma?). Deixei descansar um pouco e assei. A massa fina fez render nove putissas. Ô alegria!!! Putissa tem gosto de saudade e de infância.

Quando minha amada e saudosa tia Pina fazia putissa, era uma festa, um encantamento que adoçava a minha vidinha de menina tranquila. Fazer putissa (e comê-la) mantém vivas as lembranças boas, da minha meninice. Sou a continuação e meu papel é reflexo das minhas heranças... Cabe a mim (apenas neste momento, quem sabe até quando?), dar sequência à parte maravilhosa da história da nossa família de glutões. Gosto do gostinho do leite gelado, sem açúcar, para acompanhamento. Quando vou saborear essa gostosura, sinto que trago pra perto (acalmando o meu coração cheio de saudade) a mesma alegria que sentia, junto a essa tia doce e querida tia Pina.

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