Tem dia que
não basta acordar e abrir os olhos e partir pra lida... Pois é; nem todo dia a
gente acorda cantando A Praça, né mesmo?
Em dias assim,
enxoto a urucubaca fazendo doce. Meu jeito de dizer "Xô" pra melancolia! De dizer "vai, preguiça, badalar bem longe!".
No domingo, a
norinha número dois (por ordem de chegada) já tinha dado a dica quando eu
comentei que fazia tempo que não fazia doce de abóbora com coco: “é o meu
predileto!”.
Então, vamos lá!
Comprei duas
abóboras (dois quilos e trezentos gramas), lavei bem; cortei-as em rodelas; pus
na panela, com água cobrindo os pedaços; e deixei ferver. De vez em quando,
enfiava um garfo pra sentir se estava cozido e mole. Quando amoleceu, escorri a
água, cobri a panela com um pano e deixei esfriando.
Quando chegou
a uma temperatura suportável, peguei uma colher e raspei a massa cozida de cada
pedaço de abóbora, retirando-a da casca que descartei. Com um prato fundo, medi
a quantidade de massa que resultou do procedimento e a panela voltou pro fogo. Deu
dois pratos bem cheios; portanto, um prato bem cheio de açúcar é a medida a
acrescentar, nessa proporção que a sabedoria popular nos legou e que tem dado tão
certo. Acrescentei uma pitadinha (um terço de colher de café) de sal, mexi
bastante para derreter o açúcar e deixei o doce cozinhando, por bons dez
minutinhos. Pra não grudar no fundo da panela, mexia de vez em quando.
A massa já
estava cozida, então, a ideia é a de deixar o açúcar e a massa se incorporarem
de um jeito que o resultado vira mesmo uma bela sobremesa. Assim que entendi
que o doce estava pronto, acrescentei um pacote de coco ralado de 200 gramas. Mexi
por mais três minutinhos e desliguei.
O doce distribuído
em vasilhas de vidro vai aguardar o domingo para ser saboreado em família. Menos
uma delas, que se encontra sobre a mesa, envolta em saquinho plástico. Esta segue
o rumo da casa dos meus pais. Foi com eles que aprendi a gostar e a fazer doce
de abóbora.
Na semana que
vem, no dia 20, meu velho pai completa 89 anos de muita lida. Daqui pra lá,
tomara que eu consiga fazer uns agrados assim saborosos pra ele. Que vai dizer:
- Você fica fazendo doce! Você sabe que eu não ando comendo muito doce igual eu
comia! E a minha mãe vai replicar: - É verdade! Não fica mandando doce pra ele,
não, que ele come tudo de uma vez! Comi um pouco e, quando fui procurar, ele já
tinha comido tudo que sobrou...
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