Cozinhar é a arte da observação e da
interação.
Aos poucos, fui aprendendo, enquanto esquentava o umbigo no fogão, no cotidiano
corrido da minha vida dividida entre escola e casa, algumas mágicas que facilitam a lida.
Não cozinho sozinha.
Lavo o arroz com a minha amada e saudosa tia
Pina: “não pode lavar muito o arroz, tira as vitamina!”.
Tempero a salada do jeitinho que
fazia a também amada e saudosa tia Arlinda: “você come com a boca muito mais
gostosa, se temperar o vinagre da salada metade vinagre e metade vinho tinto!”
Tempero o bife e dialogo, na minha
imaginação, com a prima Diomar: “Hoje, Diomar, vou fazer do seu jeito;
acrescentando gotas de limão e óleo ao tempero e esperando dar uma curtida
antes de passar os bifes”.
É dia de batatinha? Descasco-as, pensando
na saudosa avó da minha nora Fabiana, que implicava (ela dizia: “tá podendo,
heim?”) quando via alguém tirando a casca, em vez de passar a faca, em vez de
apenas raspar a casca... O certo é só cortar quando e se tiver alguma parte
danificada.
É dia de abobrinha? Lembro-me e
revejo, de memória, cenas com a tia Tereza, esposa de um cunhado, ambos
queridos e saudosos. Tivemos um período de convivência prazerosa, quando ela
foi minha vizinha, na chácara. Trocamos, muitas vezes, histórias e receitas, em
momentos de sabor e interação incríveis. Sempre receitas simples, com um toque
diferente e inesquecível. A farofa de abobrinha da tia Tereza era única!
Sinto a presença da minha saudosa
prima Ernesta: “vou ficar aqui pertinho, pra ver como você cozinha, mesmo sem
alho, e fica tão gostoso.”
Cada ato, cada movimento, cada prato, exigindo de mim, e eu dando tratos à bola, na companhia de muitos que me são
caros.
No almoço em família, num desses
tantos domingos de convívio, minha mãe falava sobre o jeito que ela refoga o frango
caipira. Mania de repetir ensinamentos; própria de quem está adiantada nos
anos... É na “companhia” dessa mãe dedicada que faço esse prato predileto dos
netos (um dos prediletos, pois vem depois da macarronada, da carne moída e da
batatinha frita...).
Uma “companhia” agradável e constante
é a minha amiga Vera Suguri. Essa danadinha é uma cozinheira cheia de truques.
Ela faz parte de muitas receitas saborosas da minha vida e do meu blog.
Nas sobremesas e tortas doces e bolos
e quitandas, tenho a “companhia” da minha cunhada Juanita e da irmã, a
Carminha. Única irmã, multifuncional, prestativa e amorosa...
Pessoas que já passaram e nada
acrescentaram, às vezes, aparecem. Vão na mesma rapidez que vêm...
Tem também gente que me instiga a
fazer e a descobrir mais sabores, sempre com carinho, com frases elogiosas,
após o encontro com o prazer de saborear a delícia do momento: os filhos, as
noras, os netos...
É pensando neles que mantenho este
registro.
É em homenagem a todos que mantenho
este registro.
E vou passar a acrescentar dicas. As
que me foram dadas de bom grado e têm sido de muita utilidade. Permanecem,
porque as fui testando, ao longo da vida.
A mais marcante (tanto, que foi
eleita como primeira dica!), aprendi com minha cunhada Juanita. É prática
importantíssima para quando acontecem as queimaduras indesejáveis, aquelas que
não nos encaminham para o hospital, mas precisam de cuidado, pra não deixar criar indesejáveis bolhas.
Fácil de praticar: é só ter, sempre,
na geladeira, um tubo de pomada de sulfadiazina de prata 1%. O nome da que eu
comprei (está quase acabando!) é silglós. Mas, tem outros nomes.
Meu sem jeito me permitiu receber,
hoje, uma baforada do vapor da água fervente do arroz do almoço, bem na barriguinha proeminente. Odeio isso! E
ninguém merece passar por todo o processo de bolha, ferida exposta e pele
sensível... e dias e dias de incômodo!
Pois bem, a pomadinha geladinha à
mão, três aplicações, no local judiado (a intervalos curtos), percebendo a
magia da dor dando lugar a uma ligeira lembrança do incidente e... pronto! só
restou a manchinha vermelha...
Obrigada, tia Juanita!
Nenhum comentário:
Postar um comentário