Na companhia de Manuel Bandeira, neste dia que me dediquei a pensar em
Pasárgada, resolvi fazer meu requeijão cremoso. Justamente aquela receita que
me leva de volta para o lugar onde “... a existência é uma ventura...”: a minha
infância!
Amanhã é sábado e, no domingo, comemoramos o Dia das Mães. E infância e
mãe são palavras que rimam, no coração e na memória.
Pus dois litros de leite – tipo C, integral (ainda bem que temos um especial: o leitíssimo) – numa vasilha que levei ao fogo.
Assim que começou a ferver, acrescentei, sem desligar o fogo, uma xícara de
vinagre de álcool. Mexi, mexi, o leite talhou, desliguei o fogo. Fui despejando
essa coalhada, aos poucos, em uma peneirinha bem fininha, de modo que descartei
o soro, e a peneirinha foi só um suporte para o caso de cair algum pedaço do
leite talhado.
Sem o soro, sobrou uma massinha, que pus no liquidificador. Não
esfriou; ainda está mais quente que fria...
Antes de ligar o aparelho, acrescentei uma colher de manteiga e meia
colherinha (café) de sal. À proporção que batia, foi ficando cremoso e deu
aquela saudade do meu tempo de menina, quando a minha mãe fazia manteiga da
nata que ela juntava dia após dia...
Não me arriscaria a dizer pra minha mãe que fica igual à manteiga maravilhosa dela! O pão também nada
tem a ver com o da padaria do meu pai...
Passo, em seguida, para o ritual da união do pão com a mágica iguaria. Arrisco
a dizer que a primeira mordida ameniza a saudade... Porque o gostinho desse
requeijão recém-feito é muito agradável: agrega a textura suave à aparência
cremosa; e permite que meu coração de menina bata em sintonia com o prazer concreto,
que a memória registrou, daquela manteiga de nata feita pela minha mãe, na ventura
da minha infância.
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