sexta-feira, 9 de maio de 2014

REQUEIJÃO CREMOSO

Na companhia de Manuel Bandeira, neste dia que me dediquei a pensar em Pasárgada, resolvi fazer meu requeijão cremoso. Justamente aquela receita que me leva de volta para o lugar onde “... a existência é uma ventura...”: a minha infância!
Amanhã é sábado e, no domingo, comemoramos o Dia das Mães. E infância e mãe são palavras que rimam, no coração e na memória.
Pus dois litros de leite – tipo C, integral (ainda bem que temos um especial: o leitíssimo) – numa vasilha que levei ao fogo. Assim que começou a ferver, acrescentei, sem desligar o fogo, uma xícara de vinagre de álcool. Mexi, mexi, o leite talhou, desliguei o fogo. Fui despejando essa coalhada, aos poucos, em uma peneirinha bem fininha, de modo que descartei o soro, e a peneirinha foi só um suporte para o caso de cair algum pedaço do leite talhado.
Sem o soro, sobrou uma massinha, que pus no liquidificador. Não esfriou; ainda está mais quente que fria...
Antes de ligar o aparelho, acrescentei uma colher de manteiga e meia colherinha (café) de sal. À proporção que batia, foi ficando cremoso e deu aquela saudade do meu tempo de menina, quando a minha mãe fazia manteiga da nata que ela juntava dia após dia...
Não me arriscaria a dizer pra minha mãe que fica igual à manteiga maravilhosa dela! O pão também nada tem a ver com o da padaria do meu pai...

Passo, em seguida, para o ritual da união do pão com a mágica iguaria. Arrisco a dizer que a primeira mordida ameniza a saudade... Porque o gostinho desse requeijão recém-feito é muito agradável: agrega a textura suave à aparência cremosa; e permite que meu coração de menina bata em sintonia com o prazer concreto, que a memória registrou, daquela manteiga de nata feita pela minha mãe, na ventura da minha infância. 

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