Quando nada para no estômago e a fraqueza é constante, é preciso fazer malabarismo com a memória pra lembrar de algum prato que pode apetecer e reforçar o estômago pra que o doente volte a saborear os alimentos. Essa é a hora apropriada pro escaldado. São muitas as variáveis. Minha versão predileta é a mais simples. Faço com milharina. O ideal seria ter alguém pra fazer o escaldado pro doente só saborear... Mas, qual! A alegria por estar com vontade de comer já é o ganho maior do dia! Pego uma panela pequena e derreto uma colher (sopa) de margarina e meio tablete de caldo de galinha e acrescento cinco colheres de milharina. Vou mexendo, em fogo brando, pra dar aquele gostinho de milho torrado. Ao lado, sobre outra chama, água fervente (dois copos). Assim que percebo que, se bobear queima, vou despejando a água, devagar, mexendo sempre. Gosto bem ralo. Pra tomar às colheradas, enquanto penso em como a vida é gloriosa e que a dádiva maior que recebemos dela é não saber a data de validade. À proporção que melhoro, faço uma versão de escaldado mais metido a besta: acrescento ovo. Faço tudo igual, com a diferença que, antes de desligar, jogo um ovo e mexo um pouquinho mais e desligo. Cura até trauma de infância!
Sítio Rosa Mística,3 de abril de 2009
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