domingo, 23 de janeiro de 2011

PELOTA, POLPETA, ALMÔNDEGA

Tanto faz como se chama, já que são várias as nomenclaturas e a maneira de fazer: o importante é comer, com certeza! Millor Fernandes disse que “A alma enruga antes da pele”. Ninguém duvida. Ele não descobriu a pólvora. Só faz propaganda dela. Na verdade, pode-se, inclusive, cuidar da alma, mesmo sem desenrugá-la, fazendo-lhe agrados culinários. Nada como uma polpeta com arroz branco e uma saladinha de tomate temperada com limão e carregadinha no sal pra amenizar os traumas e as angústias... Principalmente, se há lembranças agradáveis envolvidas com as polpetas. Essas que faço são guardadas para eventualidades, aquelas visitas inesperadas, merecedoras de carinho. Minha empreitada exige, portanto, no mínimo, dois quilos de carne (patinho) moída. No açougue, peço pra moer 400 gramas de bacon (sem a pele do porco) junto com a carne. E gosto de ver repetir o processo, pois incorpora mais a carne ao bacon. Em casa, misturo meu tempero (uma colher, sopa) e mexo bem. Deixo descansar por uns dez minutos, que é o tempo de colocar a gordura de porco (duas barras, totalizando dois quilos) pra esquentar. É nessa banha que vou fritar as bolinhas saborosas. Nesse meio tempo, passo a carne pelo processador e vou fazendo as pelotas e colocando-as na gordura já quente (mas, não muito). Todas elas, juntas. Rendem, em média 35 a 40 pelotas. Deixo fritar, sem mexer. Às vezes, acontece de precisar achar um lugarzinho melhor pra alguma polpeta que não ficou bem coberta pela banha de porco; aí é só dar uma empurradinha com um garfo. Sem fritar muito, percebo que não tem água na gordura. Desligo e deixo quieto, na própria panela que vai servir para armazenar as polpetas (não ponho tampa, por enquanto: só cubro com pano, pra não suar e comprometer a durabilidade). Faço-as grandes, generosas. De preferência, o melhor é começar a comê-las depois de umas horinhas de descanso. No cotidiano, somos três, então costumo esquentar cinco ou seis de cada vez, em panela à parte. Panela de inox, sempre. Porque se vive em tempo de proibição ao alumínio que não pode mais ser usado para armazenar nada. É ele o vilão do Alzheimer... Aproveito para buscar na memória os momentos de prazer que me foram dados nesta vida, curtindo almôndegas no prato e companhia de gente querida.

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